segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Rappa é O Rappa

Em passagem por Belo Horizonte, músicos mostraram que os toques do candomblé, o rap, o rock e o hard core possuem o mesmo DNA

Das bandas dos anos 1990, O Rappa resistiu sem perder a qualidade 

Felipe Pedrosa
O Rappa está revigorado. Nenhum outro termo descreve a sintonia e a energia que a banda apresentou no Chevrolet Hall em Belo Horizonte no último domingo, dia 6. Após dois anos, praticamente, longe dos palcos, os músicos sabem envolver o público em seus riffs e nas suas letras, ora política, ora romântica.

O show “Valeu a Pena”, inicialmente programado para acontecer apenas no sábado, dia 5, na capital mineira, teve que ganhar mais uma data na agenda dos músicos. E o público, além de comparecer em peso, interagiu muito bem ao set list apresentado.

Após um vídeo, quase que institucional, Marcelo Falcão, Marcelo Lobato, Lauro Farias, Alexandre Menezes e a banda de apoio rugiram junto ao público os versos da canção “Lado B, lado A”, um ícone do disco homônimo lançado em 1999. Dali em diante, canções dos sete discos da carreira da banda seriam costuradas como um novelo de lã – leve, quente e dotado de muita beleza poética. Até faixas que se tornaram maçantes, como “Pescador de Ilusões”, tornam-se interessantes na miscelânea de ritmos da banda. Eles sabem, como poucos, misturar a batida dos terreiros de candomblé, rap, rock’n’roll e hard core num único som.

Falcão toma tequilas e manda, vez
ou outra, mensagens para o público
O palco, como era de se esperar, parecia pequeno para os giros e o balançar dos dreadlocks do vocalista carioca. Ao fundo, caixas de madeira compunham o ambiente e recepcionavam projeções de desenhos, paisagens e o nome das músicas que eram, facilmente, desfiadas ali.

Sem fugir do repertório autoral e sem convidados locais, O Rappa cedeu espaço apenas para o DJ Negralha comandar a faixa “É o Moio”, do grupo Pentágono. Para fechar, sem o velho clichê do “mais um”, O Rappa disse quem estava ali: “Somo crioulo doido somo bem legal. Temos cabelo duro somo black power”. Versos da faixa “Ilê Aye”, do disco “Rappa Mundi”, de 1996.

Novidades. A imprensa, desde o fim de outubro, está falando sobre a volta do O Rappa e, de quebra, explorando o surgimento de um disco de inéditas. Segundo o site da "Folha de São Paulo", esse novo filho deverá sair até o fim de 2012 e será recheado com cerca de 13 faixas. Essas, segundo o portal, serão lapidadas de um montante de 80 e gravadas no estúdio do tecladista Lobato.

Um comentário:

  1. Você tá mandando bem nas críticas dos shows, contextualizando com o momento da banda e analisando detalhes da noite.

    Caminho certo, meu caro. Parabéns pra vc e a esse espaço que tem potencial.

    Bj

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