sexta-feira, 30 de março de 2012

'Canções de Apartamento', agora, tem chancela

Deck Disc vai distribuir o primeiro disco do cantor Cícero

Da REDAÇÃO
Comentado na imprensa, analisado por músicos e escutado por muitos, Cícero acaba de fechar uma parceria com a Deck Disc para semear o cultuado disco “Canções de Apartamento” por todo o Brasil. 

O primeiro álbum do cantor, que foi gravado de maneira independente, foi lançado em junho do ano passado e, desde então, disseminado na internet. Apesar dos vários likes no Facebook, os shows do rapaz só começaram a acontecer com frequência em outubro passado. Ele já levou os seus versos para Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Goiânia.






sábado, 24 de março de 2012

Profeta do amor

Criolo, em Belo Horizonte, desfiou o 'Nó na Orelha' e fechou com faixas do 'Ainda Há Tempo' 

Por FELIPE PEDROSA
foto: web
A imensa fila em frente ao Music Hall (av. do Contorno, 3.239, Santa Efigênia) anunciava o espírito que rondaria o público no segundo show de lançamento do disco “Nó na Orelha”, do Criolo, em Belo Horizonte. E pensar que um ano antes, no festival Transborda – realizado na acalentadora Praça do Papa, no Mangabeiras – poucos sabiam entoar os versos do profeta do amor.

Criolo surgiu sereno, com um cap de marinho a tiracolo. Sim, ele foi o capitão da sexta-feira passada, dia 23, e conduziu muito bem a viagem sonora da noite passada. Quem não entrou na casa antes do músico desfiar a primeira faixa do repertório, teve a surpresa de ouvir “Sucrilhos”, letra e melodia saborosa não só no nome. A ordem das canções, dali em diante, é o que menos importava. Os homens de espíritos inquietos flutuavam com as rimas fáceis e pesadas do paulista.

“Nó na Orelha” foi tocado na integra. “Freguês da Meia Noite”, entretanto, surpreendeu o rapper que há 20 anos está na labuta do rap nacional. O público não cantou, não recitou, não falou, ele rugiu os versos da canção. “Graujauex”, “Não Existe Amor em SP” e “Bogotá”, que fechou o show antes do bis, foram outros destaques da noite. Apesar da popularidade dessas canções, elas não abafaram o viés contestador e a importância de músicas pregressas de Criolo.

O bis, como é de costume, aconteceu. Três faixas do álbum “Ainda Há Tempo”, de 2006, marcaram a despedida do músico, que demonstrou ser um ótimo vocalista, transitando entre graves e agudos e se comprometendo com a qualidade sonora da apresentação. Sem grandes estripulias no palco, Criolo se manteve atento ao que a plateia dizia, agradeceu várias vezes o carinho e declarou: “Vocês são uma geração que faz a diferença”.

Público. Quem acompanha a cena do rap nacional desde a guerrilha de caras como Thaíde e Racionais MC’s notou uma diferença enorme na massa que se aglutinou para prestigiar o show “Nó Na Orelha”, do Criolo. Favela, classe média e burguesia mineira dividiram o mesmo espaço, onde não havia o excludente camarote. Todos ali queriam apenas mergulhar na música de um cara que veio para dar uma nova roupagem a música da periferia.

Criolo, por meio dessa sua experiência sonora, erigiu a própria carreira, que estava prestes a minguar (o cara estava decidido em parar de cantar quando entrou em estúdio para registrar o premiado “Nó Na Orelha”) e aplicou as brasilidades e latinidades em muitas pessoas, que descobriram que a música nacional é bastante palatável.

*Matéria publicada no O Tempo Online no dia 24/03/2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

Versos do Criolo

Rapper paulista, revelação da nova música brasieira,
se apresenta hoje em BH 

Por FELIPE PEDROSA / Foto JUNIOR FURLAN

A primeira música do "Nó de Orelha" a fazer
sucesso foi "Não Existe Amor em SP"
 

Até o início do ano passado, o nome Criolo circulava com força apenas pela capital de São Paulo e em cidades adjacentes. Um ano depois, a música do paulista ecoou por diversos municípios brasileiros e aderiu fãs de grande estirpe, como foi o caso de Chico Buarque, que chegou a cantar uma adaptação que o rapper fez para "Cálice" em sua última turnê.


A crítica musical, que demorou a analisar o premiado álbum "Nó Na Orelha" (o disco faturou o Prêmio Bravo! Bradesco Prime de Cultura e três categorias do VMB 2011, da MTV), agora define as rimas de Kleber Gomes como versos sensíveis, afinal, o cara transita bem pelo sentimento amor, pela contestação social e por diversos ritmos.

É com essa destreza de caminhar pela música que Criolo subirá, hoje, ao palco do Music Hall (avenida do Contorno, 3.239, Santa Efigênia) para apresentar pela segunda vez em Belo Horizonte o disco "Nó de Orelha".

Com ingressos valendo R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), o evento começa a parir das 22h. Sucessos radiofônicos do paulista mais comentado do momento, como "Não Existe Amor em SP" e "Grajauex", não faltarão no repertório.

Rap de Minas. O DJ Roger Dee e os manos do Julgamento - banda formada em Belo Horizonte em 1995 - fazem as honras da casa e aquecem os espíritos inquietos na noite de hoje. O grupo Julgamento, aliás, apresenta o repertório do seu mais recente trabalho, o EP "Muito Além".


*Matéria publicada no jornal Super Notícia do dia 23/03/2012

Coração

Foto: Samuel Aguiar
Foto que ilustrou a matéria "Corações enfeitam a capital" do jornal O Tempo, do dia 21/03/2012.

terça-feira, 20 de março de 2012

Debute do Cordoba na'Obra

Banda de BH lança o primeiro EP da carreira no bar dançante A Obra


Por FELIPE PEDROSA
Formada em 2010, na cidade de Belo Horizonte, a banda Cordoba perpassa o rock'n'roll clássico e o hard core no debute "That's All For Now", que será lançado amanhã, dia 21/3, no bar dançante A Obra, às 22h.

João Paulo Vale (baterista) conta que as cinco faixas do EP ("The Night", "Grenade", "Walk Away", "This Is Not The End" e "On My Own Way") serão tocadas na integra, além de outras músicas e, claro, alguns covers. "Learn to Fly", do Foo Fighters, e "Sunday Blood Sunday", do U2, estão nesse set list.

O Cordoba ainda traz em sua musicalidade influências de Hot Water Music, Rise Against, Thrice, dentre outras. A banda é formada por Eduardo Melo (vocal), André Lima (guitarra), Carlos Braga (guitarra), Tadeu Toussaint (baixo) e João Paulo Vale (bateria).

SERVIÇO
O quê. Show Cordoba
Quando. Dia 21 de março, às 22h 
Onde. A Obra, Bar Dançante (rua Rio Grande do Norte, 1.168, Savassi), às 22h
Quanto. R$ 10
Mais informações. (31) 8827-1987 


Sequência. André Lima, Tadeu Toussaint, Eduardo Melo, João Paulo Vale, Carlos Braga 

* Foto de divulgação

terça-feira, 6 de março de 2012

Seu beijo — parte 2

“A Casa é Sua” (2009), Arnaldo Antunes

Por FELIPE PEDROSA
Dez anos se passaram e, segundo o meu calendário, o mundo se rarefez naquele dia. Um sábado quente do mês de março. As aulas haviam começado e nós, ainda muito jovens, corríamos atrás de uma profissão, de um diploma, de um conhecimento vago que fosse. Você formou? Em qual universidade? Qual a sua graduação? Faço-me de tolo só para ter as suas respostas. Elas já não são novidades para mim.

"João, por favor, traz mais uma". Essa é a quinta ou sexta cerveja que tomo em menos de uma hora. Enquanto isso, o cigarro queima no canto da minha boca. Costuro, em guardanapos sujos e vagabundos, cada momento do nosso conúbio. Por um instante, reflito nos dias que não passamos juntos. Bar do João   não havia uma birosca com um nome mais poético para minhas linhas melosas e pregressas?!

Ainda guardo as fotografias que tiramos juntos. Aquela Polaroid era uma deusa. Mas conto sobre ela em uma outra hora. O seu beijo veio à baila. A suavidade, temperatura e sabor são únicos. A melodia dele, porém, não deve ser mais a mesma do meu. Foram outros tempos. Não sou mais a mesma pessoa nem você é. Os seus lábios, agora, são entregues ao Luiz, Lucas, Felipe, Thiago... e, para mim, restou apenas uma espessa lembrança dos seus cachos, mechas lisas, pele morena, branca, rosada, olhos cor de mel, castanhos, negros como a noite. Ah, desculpe Vinicius de Moraes, mais o homem também precisa ter qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Eu, por exemplo, sinto a falta dela.

Cambaleando vou ao banheiro. A sensação do álcool na corrente sanguínea é fugaz e não apaga essa flâmula de sentimento. “Um cigarro picado, por favor”. Esse deveria ser meu último pedido, mas não é. “Mais uma, João”, grito.

As horas passam, e o dono da quitanda diz que precisa fechar. A porta de aço já está baixa, a sinuca em silêncio e as cadeiras de pernas erguidas para o céu. Aliás, hoje é dia de lua cheia. Queria te ver, te encontrar e, talvez, pela última vez dizer: eu te amo!