"O Palhaço" é uma ótima opção para o pré-réveillon, momento de reflexão sobre "quem", realmente, somos
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A tristeza é tema central dos filmes dirigidos por Selton Mello |
Felipe Pedrosa
Selton Mello, por mais que ele
queira, não conseguirá desenvencilhar a história de Benjamin – protagonista do
seu segundo longa-metragem, “O Palhaço” – da sua própria. Ele, talvez, nem faça
questão de separar as duas trajetórias. “Desde os 8 anos de idade estou nessa
profissão, e estou em crise há pelo menos uns 30 anos”, disse, em entrevista ao
caderno Magazine, do jornal “O Tempo”.
Mais que fazer um
autoquestionamento em cena, o filme – de difícil adequação em um único gênero –
discute a fonte do riso de um palhaço, a presença feminina na vida de um ator
mambembe – seja ela como impulsionadora da felicidade ou até como oportunista – e a
questão do talento – representado, nesse caso, por um prefeito que deseja que
seu primogênito seja artista.
As semelhanças com Selton, a
princípio, são perceptíveis em pequenos detalhes. Benjamin (Selton Mello) após
abandonar o circo vai em rumo a cidade de Passos, onde, além de encontrar Aldo
(Danton Mello), ele se redescobre artista. A cidade mineira, aliás, é a sua terra
natal e é o lugar onde o personagem retira sua identidade.
Jorge Loredo e Ferrugem, que aparecem
rapidamente em cena, trazem a tona, talvez, algumas possíveis referências do
ator mineiro nos anos 1980.
O Filme. Benjamin está cansado da
rotina do Circo Esperança. Lá, ele interpreta o palhaço Pangaré ao lado do seu
pai, o palhaço Puro Sangue (Paulo José). Em crise existencial e com o velho
mito do palhaço triste, Benjamin sai a procura da sua identidade. O artista
mambembe, com o passar dos dias, se reencontra com seu próprio talento.
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Sempre caricato, os olhares do ator revelam muito na narrativa cinematográfica |
Com cerca de 1h30, “O Palhaço” é engraçado e inteligente. Sutil e descarado. Rico e pobre. Leve e pesado. Não é errôneo dizer que Selton Mello, como diretor, acertou o ponto certo da receita. O longa-metragem serve para entreter e refletir. Efeito, esse, pouco saboreado por aí – principalmente no cinema nacional.
*O filme estreou no circuito comercial na última sexta-feira, dia 28 de outubro.
"O Palhaço" realmente é um filme também para refletir. Boas observações, boa crítica. :)
ResponderExcluirBjo moço.
A sua crítica nos faz largar o computador e ir correndo para o cinema. Parabéns pelo texto! Sucesso na sua caminhada!
ResponderExcluirBeijO.