quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pai Punk


Intimidade. Mike Burkett, do NOFX, com sua filha de quatro anos.

Felipe Pedrosa
O grito de rebeldia contra o sistema e os próprios pais ecoou da garganta de vários punks da Califórnia nas décadas de 70 e 80. A anarquia predominou durante boa parte de suas vidas. Drogas, sexo, violência e agressividade musical deram à tônica das suas carreiras como músicos. Entretanto, o tempo passou e a prole de Jim Lindberg (Pennywise), Flea (Red Hot Chili Peppers), Ron Reyes (Black Flag), Tony Adolescent (The Adolescents), Duane Peters (U.S. Bombs), entre outros, modificou para sempre as suas vidas.

Calcado nesse enredo, o documentário “The Other F Word”(2010) – exibido no dia 7 de setembro no Indie Festival, em Belo Horizonte  – traz à luz os punks que viraram papais. Agora, eles precisam conciliar turnês com festinhas de colégio, evitar palavrões, trocar fraldas e, principalmente, render-se ao sistema que tanto lutaram contra.

Além de mostrar a imponência de um filho na vida do mais rebelde dos homens, o longa-metragem – engraçado em poucos momentos – desvenda a intimidade dos artistas que foram ídolos de uma, duas, ou mais gerações. A  exemplo, o vocalista no NOFX, Mike Burkett, precisa explicar para sua filha de quatro anos qual o significado das suas tatuagens; uma das filhas de Flea é chamada as presas porque um homem estranho está procurando-a no colégio (era ele); e Lindberg abandona a banda para se dedicar as suas três descendentes. Dentre todas as histórias, o drama de Peters pela morte do seu filho primogênito é um relevo na produção, que ainda traz a tristeza de Tony pelo nascimento de uma filha já sem vida.

Embora não seja essencial a filmografia musical, “The Other F Word” – capitaneado por Andrea Blaugrund – é interessante e peca em poucos aspectos. Além da estética muito parecida com um programa da MTV estadunidense, a história de alguns artistas pesam mais que dos outros. É o caso de Lindberg que está quase o tempo todo em cena e Mark Hoppus, do Blink 182, que aparece ora ou outra. Ainda vale destacar: alguns dos entrevistados, considerados punks, na verdade são expoentes de um estilo pós punk rock.

Para fechar, não me lembro qual deles disse a frase de impacto: “Antes queríamos morrer jovens. Agora, não queremos experimentar a morte.

Trailer:


Um comentário:

  1. Impressionante como você se aprimora a cada dia. Sem "pura" babação de ovo: essa análise ficou foda. Nunca curti a cultura punk, mas fiquei com vontade de ver o documentário e saber como alguns dos seus ídolos estão se virando como papais.

    Quero mais textos aqui, ok? Gosto desse blog.Rs.


    Bj moço

    ResponderExcluir