sábado, 29 de outubro de 2011

Aleluia, eles estão de volta!

Beavis e Butthead retornaram a MTV norte-americana na última
quinta-feira, dia 27

Desenho, ainda, não tem previsão de estreia na MTV Brasil

Felipe Pedrosa
Foram 14 anos de solidão. Nenhum desenho foi capaz de suprir a ausência dos dois desmiolados mais críticos e azedos da década de 1990. Na última quinta-feira, dia 27, porém, a nova temporada, intitulada “Mike Judge's Beavis and Butthead”, com as aventuras dos dois adolescentes entrou na programação da MTV norte-americana.

No primeiro capítulo, segundo o site "IG", Beavis e Butthead são influenciados pela saga “Crepúsculo” e saem às ruas a procura de um morto-vivo. Encontrando um “lobisomem”, que na verdade é um mendigo, eles clamam por uma mordida – acreditando que, assim, terão sucesso com as garotas. Pelo que percebe-se, o conteúdo crítico permanece o mesmo!

A estética visual, entretanto, não sofreu alterações. Os dois adolescentes, que passavam o dia em frete a televisão entre 1993 e 1997, continuam vendo a caixa preta e, de quebra, no mesmo sofá velho e rasgado.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Amplitude Sonora

Flávio Renegado, que lança o disco "Minha Tribo É o Mundo", 
neste sábado, já não é o mesmo

Renegado começou a carreira no grupo NUC do Alto Vera Cruz 
Felipe Pedrosa
O menino do Alto Vera Cruz cresceu. Não apenas na estatura. Sua música evoluiu. E, como se fosse uma profecia das escrituras, o título "Minha Tribo É o Mundo", do seu segundo disco, transcreve os novos tempos do cantor Flávio Renegado, que, recentemente, levou suas rimas para os gringos.

Com o rap na circulação sanguínea, o músico não se intimidou em vestir suas músicas com samba, reggae e R&B. "Eu estou mais dentro do rap de verdade, da música do povo e da realidade do brasileiro. Seria menos legítimo eu pegar o gospel norte-americano e acoplar com a minha música do que colocar o canto do candomblé, o samba e o baião", explicou Renegado, sobre a nova sonoridade do seu mais recente álbum. 

Além de mesclar sons, o mineiro tomou uma atitude para valorizar o instrumental de sua nova safra: nenhum vocalista, além dele, é claro, participou do disco. "Quis sair daquele clichê de vários vocalistas - embora eu dialogue muito bem com a nova safra de cantores. O rap é sempre observado pela letra, pelo que é dito. Mas quero que as pessoas prestem atenção no instrumental, nessa nova experiência", revelou, aludindo à importância dos músicos na construção do disco. 

Sendo o cantor fruto do Alto Vera Cruz, a realidade da comunidade está sempre presente na sua arte. Mas, dessa vez, a Europa também dá as caras. "Conhecer o Velho Mundo me fez ver novas possibilidades, novos horizontes. E eu me permiti ser tocado por essa outra cultura".

Rapper Dedicado. Com a abertura de DJs, Flávio Renegado apresenta o repertório completo do álbum "Minha Tribo É o Mundo" neste sábado, dia 29, às 22h, no Music Hall (avenida do Contorno, 3.239, Santa Efigênia). Canções do seu disco de estreia, segundo o rapper, também estarão no set list. Renegado, apesar de já estar com músicas inéditas e engavetadas, vai dedicar a apresentação ao novo trabalho. "Não vou tocar nada muito inédito. Vou esperar a galera digerir o disco atual, entender e se alimentar dele", explicou. 

Fé. Em algumas faixas, é possível identificar um certo sincretismo africano. "A fé, mais do que tudo, calça a minha carreira. A matriz africana está presente no meu trabalho. É a religião a que sempre estive próximo e respeito", disse o rapper.

*Matéria publicada no jornal Super Notícia do dia 26 de outubro de 2011.
*Foto: Mario Canivello/Divulgação

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Inscreva seu filme!

Lista de produções selecionadas para a 15º Mostra de Cinema de Tiradentes
será divulgada até o dia 12 de janeiro de 2012

Evento possibilita um contato maior do público com a sétima arte

Felipe Pedrosa
As inscrições de longas, médias e curtas-metragens para a 15º Mostra de Cinema de Tiradentes, programada para acontecer do dia 20 ao dia 28 de janeiro de 2012, terminam na próxima segunda-feira, dia 31.

Para quem quer tentar exibir sua produção em uma das principais mostras de cinema do país, basta acessar www.mostratiradentes.com.br e enviar a película ou o digital da produção – realizada, necessariamente, em 2011. A ficha disponível no site deve ser preenchida corretamente e enviada junto ao filme. Não é cobrado nada do cineasta!

De quebra, o realizador pode inscrever-se na 7ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), que será realizada do dia 20 a 25 de junho, também no ano que vem. As duas mostras compõem o programa internacional do audiovisual Cinema Sem Fronteiras, realizado pela Universo Produção.

Após cruzar os dedos, a produção do festival disponibilizará a lista dos filmes selecionados no site da mostra no dia 12 de janeiro de 2012.

#euFaçoaMostra
Como toda debutante, a 15º Mostra de Cinema de Tiradentes promete um espetáculo em 2012. Para levantar uma memória colaborativa, a Universo Produção lançou a tag #euFaçoaMostra no Twitter. Lá, o grande público, os realizadores e os curiosos de plantão poderão disponibilizar fotos, vídeos e arquivos multimídias para compor esse acervo visual.


Foto: Leo Lara

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

‘Dê um tapa e passe a bola’


Em 2009, FHC visitou um arsenal de armas apreendidas pela polícia carioca

Felipe Pedrosa
Sem apologias. Acredite!

O filme “Quebrando o Tabu”, embora trabalhe sobre a premissa da descriminalização das drogas – tendo sempre como foco a Cannabis Sativa –, não traz nenhum discurso a favor dos usuários de entorpecentes. O diretor Fernando Grostein Andrade, porém, define bem o seu ponto de vista: a maconha deve, urgentemente, ser descriminalizada.

Rodando o planeta – ora no Brasil, ora em outros países –, o personagem central do documentário é o ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso. Ele, aliás, visita escolas norte-americanas, favelas brasileiras e aparece, vez ou outra, em entrevistas aos telejornais da emissora do jardim Botânico, a rede Globo. FHC, ainda, explica o porquê não entrou nesse assunto quando exercia o cargo de presidente, entre 1994 e 2002. “Eu não tinha consciência e gravidade do que significava esta questão, naquela época, como eu tenho hoje”, disse diante das câmeras.

Com a fluidez de uma comédia romântica, o longa-metragem é digestivo e apenas complementa o pensamento de quem já problematizava as ações contra os usuários de drogas. Para quem sempre evitou o assunto e, consequentemente, estabeleceu um preconceito, o documentário abre a mente, principalmente, por trazer em destaque entrevistas com personalidades internacionais, como Bill Clinton, Drauzio Verella, Jimmy Carter, Paulo Coelho, entre outros.

Apesar de erguer a questão da descriminalização e fundamentar o discurso em importantes figuras, “Quebrando o Tabu” peca por não trazer o ponto de vista de dependentes químicos. Apenas um rapaz, usuário de maconha, foi entrevistado.

Afora as falhas e as “celebridades”, o documentário é rico em arquivo de imagens e em dados  tanto nacionais, quanto internacionais. Assim, o vídeo calha, é claro, como ótimo objeto de estudo e fonte de pesquisa. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Passional

Secundário ao amor devastador, o platônico também rege o livro “Eu Receberia As Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios" 

Felipe Pedrosa
“Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios”. O título, por si só, é um dos mais magníficos dos últimos tempos. Foi ele, aliás, que levou-me até o romance devastador de Cauby e Lavínia, transformado, recentemente, em longa-metragem pelos diretores Beto Brant e Renato Ciasca. 

Escrito pelo jornalista Marçal Aquino e lançado em 2005, o romance é um deleite literário. Texto ágil e fácil, história envolvente, muito mistério e uma narrativa singular – tudo o que, em minha opinião, é necessário para erigir uma verdadeira obra prima. 


Cauby, com a grafia idêntica a do cantor, é um fotografo de São Paulo que está no Pará para a feitura de um livro. No seu caminho, entretanto, surge Lavínia/Shirley. Os dois, a partir daí, arquitetam um romance afogado em traição – a jovem é casada –, angustias, alegrias, insanidades, promiscuidades e possessão um pelo outro. 

Em contrapartida, o amor platônico ganha uma narrativa secundária na obra. Sr. Altino, o careca, viveu a vida inteira por uma mulher comprometida. Ela, mesmo sem render um caso com ele, aprisiona esse amor por toda uma vida, impedindo, até mesmo, que o seu admirador possa ter uma mulher. 
Interligando realidades brasileiras, como a pedofilia, a corrupção e a disputa pelo garimpo, dentre outras, não há nas 229 páginas nenhuma frivolidade, ou passagem desnecessária. 

Trecho do livro. “O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse.(...)


Filme. Exibido no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, no dia 11 de outubro, o filme, como de costume, readaptou o romance. A disputa pelo garimpo, por exemplo, foi deixada de lado, dando lugar a questões políticas. Com direção de Beto Brant e Renato Ciasca, o longa-metragem deve entrar no circuito comercial até o fim do ano. 

Camila Pitanga é a protagonista do filme que adaptou o romance


Livro: "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios"
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 229
Preço: R$ 45 (na Leitura)

domingo, 16 de outubro de 2011

Menos brutal que a música

Documentário sobre a banda Ratos de Porão, apesar de leve, é um prato cheio para os admiradores e pesquisadores do punk rock 

Banda. Jão, remanescente da primeira formação, João Gordo,
Boka e Juninho 
– o caçula do Ratos de Porão

Felipe Pedrosa
Os documentários, geralmente, são arquitetados sobre as imagens de arquivo – que, consequentemente, resgatam uma época pregressa e de poucos recursos audiovisuais. O longa-metragem "Guidable: A verdadeira história do Ratos de Porão", porém, é mais atrativo pela cronologia das entrevistas, ora com os fundadores do grupo, ora com os atuais integrantes. 

Lançado em 2008 e com direção de Fernando Rick, o filme flui de maneira leve. Mas, apesar do audiovisual ser mais límpido do que a música do Ratos de Porão, ele é brutal na importância musical e rico em informações, que vagavam, sem sombra de duvidas, apenas nas mentes dos precursores do punk no Brasil. 

Formada no fim dos anos 1980, o Ratos de Porão despontou na cena punk integrando o festival “O Começo do Fim do Mundo”, em São Paulo, – evento responsável em reunir outras bandas do gênero. Apesar da quebradeira financeira dos rapazes, o grupo foi convidado – ainda sem a presença do João Gordo – a integrar a primeira coletânea punk brasileira, a “FUB”, recheada ainda com o primeiro registro sonoro do Cólera. 

Comentando álbum por álbum, a história e curiosidades dos discos se fundem a entrada e a saída de músicos; ao consumo abusivo de drogas e álcool; e a assinatura com a Eldorado, que reverberou em apresentações nos programas da Angélica e do Gugu Liberato, até os lançamentos independentes e o mais atual, pela Deckdisc, o “Homem Inimigo do Homem” (2006). 

A importância musical do Ratos de Porão, aliás, vai desde o diálogo do punk rock com o metal do Sepultura – João Gordo e os irmão Cavalera viraram muito amigos nessa época – até a banda ser a primeira da América Latina a lançar um disco do gênero musical, o “Crucificados pelo Sistema”, em 1984. 

A narrativa eficaz dos músicos não necessitaria, a princípio, de outros convidados. Entretanto, nomes como Redson Pozzi (1962-2011), fundador do Cólera, e Igor Cavalera, ex-sepultura, enriquecem o documentário.


Curiosidade: "Guidable" é, conforme o vídeo explica, um termo criado pelos integrantes da banda para definir confusão mental, bagunça generalizada ou, simplesmente, um "sei lá". Ótimo para substituir a palavra FODA-SE.

 
O longa-metragem está disponível no YouTube.



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Os Monstros". Filme cearense é cansativo


Com diálogo fraco, algumas cenas duram cerca de seis minutos 

Felipe Pedrosa
Aproveitar um festival de cinema para conferir a cara das novas produções independentes pode ser, acredite se quiser, uma roleta-russa. Assim, eu embarquei na sessão  “Os Monstros” – longa-metragem exibido dia 2 de outubro na Mostra Cine BH 2011, no Palácio das Artes.

O filme – dirigido por Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti – traz a história de dois amigos que trabalham com a captação de áudio e um terceiro que “toca”, totalmente desafinado, uma espécie de clarineta. Os dois primeiros estão insatisfeitos na nova empreitada e a esposa do "instrumentista" o coloca para fora de casa.  Assim, os três se reaproximam. O enredo, até aí, justifica a sinopse do filme: “Nenhum homem é um fracasso quando tem amigos”. Mas com o discorrer da trama, ela apresenta-se cansativa e pouco criativa.

O enredo – interessante em alguns momentos – busca dialogar com o espectador, que, provavelmente, sentirá a mesma repulsa mostrada pelo elenco secundário do vídeo. A exemplo, o “músico” faz um show em um bar e todos os fregueses vão embora. Conforme aconteceu na sala, alguns expectadores se levantaram e deram adeus à produção cearense. É nesse joguinho que o longa vai sendo arquitetado.

Adiante, um terceiro amigo retorna para a terra natal e reencontra com os outros companheiros. O novo protagonista é um “guitarrista” incapaz de acertar uma nota se quer. Com a sua chegada, pode-se imaginar o que está guardado nos próximos minutos.

Salvando um ou dois quadros, “Os Monstros” mostra um cinema de observação, em que a câmera se mantém parada em uma única cena por minutos. O suporte, embora seja cult, é cansativo e não gera nenhum prazer cinematográfico. Principalmente por permanecer longos minutos sem uma única ação e, por vezes, focalizado nos atores  não coincidentemente os próprios diretores.